segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Salário de profissionais com ensino superior está estagnado

O Brasil está entre os países do mundo que melhor pagam seus executivos de primeira linha – diretores e presidentes. Entretanto, profissionais com nível de educação superior que não ocupam cargos de liderança não tiveram valorização salarial entre 2003 e 2010. É o que aponta a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que comparou o aumento salarial dos profissionais com ensino superior (0,3%) e a média salarial no país (19%), nesse período.

A explicação para a estagnação é o excesso de pessoas formadas em algumas carreiras, como direito e administração; a carência em outras com alta demanda, como engenharia, além do aumento de renda das classes D e E – “que possibilitou o acesso desses públicos ao ensino superior”, explica Paulo Meyer Nascimento, técnico em planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Profissionais com nível de educação superior que não ocupam cargos de liderança não tiveram valorização salarial entre 2003 e 2010, diz pesquisa

Técnicos

Nascimento acrescenta que a escassez de profissionais ligados aos setores de pesquisa e desenvolvimento tecnológico é refletida na valorização salarial dessas carreiras. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de 2010, feito também com base na PME, aponta que as pessoas que passam por cursos técnicos, superiores de tecnologia ou de qualificação profissional têm 48% mais chances de obter emprego e ter salários 13% maiores em média do que os trabalhadores sem essas qualificações.

Foi com essa expectativa que Carolina da Silva Antonio, 22 anos, fez o curso técnico de radiologia em vez de buscar uma graduação. “O curso técnico era mais acessível às minhas condições financeiras e ao término dele eu teria uma profissão. Tive as aulas teóricas e coloquei tudo em prática, no estágio. A média salarial de um técnico é de dois salários mínimos, mais 40% de adicional de insalubridade. Se eu trabalhar à noite, ainda terei o adicional noturno.”

Marcelo Ferrari, diretor de negócios da Mercer, afirma que o aquecimento do mercado de um modo geral tende a valorizar os salários dos profissionais mais qualificados. “Há também a oferta de benefícios que não são comuns em outros lugares do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, ninguém tem carro da empresa. Aqui, é uma questão de status. Lá, não são dados benefícios sociais como vale-transporte ou plano de saúde, como no Brasil”, exemplifica Ferrari.

 

Quem dá mais?

Segundo uma pesquisa da consultoria Asap, de recrutamento e seleção de executivos de média gerência, feita em julho deste ano com mais de 1.900 profissionais, eles só mudam de emprego se forem atraídos por um bom salário e plano de carreira.

De acordo com o levantamento, 60% dos entrevistados, mudando ou não de empresa, tiveram aumento de 20% ou mais de seus rendimentos. Apenas 7% dos entrevistados não tiveram nenhum incremento salarial.

“Isso nos faz concluir que os executivos têm diversas ofertas de trabalho e, quando não mudam, geralmente é porque foram atraídos por contrapropostas ou pelos programas de retenção de seus atuais empregadores. Buscar outro profissional no mercado custa caro e pode demorar muito”, afirma Carlos Eduardo Ribeiro Dias, sócio e CEO da Asap.

Fonte: Site IG

Nenhum comentário:

Postar um comentário